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Uma Conversa Histórica com Joãozinho, o “Bailarino da Toca”

O Sonho de Menino e a Paixão Incondicional

Quem diria que um dos maiores craques que já vestiram nossa camisa começou como um torcedor apaixonado que pulava o muro do Mineirão para ver o Cruzeiro jogar?. Joãozinho contou como, ainda garoto, juntava dinheiro com os amigos para que o mais alto pagasse o ingresso e o ajudasse a pular para dentro do estádio. Enquanto a maioria de seus amigos ia para a torcida do rival, ele já tinha seu destino certo: o lado azul do campo.

A caminhada para se tornar profissional, no entanto, não foi fácil. Reprovado em seu primeiro teste, foi a insistência de seu pai, motorista de um dos diretores do clube, que lhe garantiu uma segunda chance em 1970. Aprovado, ele passou a viver dentro do Cruzeiro, onde sua paixão só cresceu. Foi lá que “João” se tornou “Joãozinho”, um apelido dado pela diretoria que achava seu nome de batismo “ruim” para um jogador de futebol.

Sua grande inspiração era o time mágico de 1966. Ver craques como Tostão, Dirceu Lopes e Piazza foi o que “bateu o martelo” em sua decisão de se tornar um jogador do Cruzeiro.

A Geração de Ouro e a Conquista da América

Joãozinho chegou ao time profissional para integrar uma geração inesquecível. Ao lado de jovens talentos como Palinha, Eduardo e o saudoso Roberto Batata, ele se juntou a remanescentes da lendária equipe de 66, como Piazza e Zé Carlos. A chegada de craques do calibre de Jairzinho, o Furacão da Copa de 70, e do lateral Nelinho, formou um time “implacável”.

O resultado foi a campanha avassaladora na Taça Libertadores de 1976. Com um ataque demolidor que marcou 46 gols em 13 jogos, o Cruzeiro encantou o continente. Um dos pontos altos foi a partida contra o Internacional, no Mineirão, que terminou com o placar de 5 a 4 para o Cabuloso. O jogo é considerado por muitos como o maior da história do estádio, e a atuação de Joãozinho naquela noite foi simplesmente monumental.

O Gol “Irresponsável” que Valeu um Continente

Toda grande conquista tem um momento mágico, e o da Libertadores de 1976 tem nome e sobrenome: Joãozinho. Na finalíssima contra o River Plate, em Santiago, com o jogo empatado e se aproximando do fim, o Cruzeiro teve uma falta perigosa a seu favor. O cobrador oficial era Nelinho, famoso por sua bomba. Enquanto ele ajeitava a bola, Joãozinho teve um estalo.

Lembrando que o River havia empatado a partida cobrando uma falta sem o apito do juiz, enquanto o goleiro Raul arrumava a barreira, Joãozinho decidiu pagar na mesma moeda. Em um ato de pura audácia e genialidade, ele correu e bateu a falta, pegando a todos de surpresa. A bola entrou e o gol do título estava marcado. “Eu pensei muito rápido”, recorda. “Se o juiz não apitou lá, então se eu bater aqui também, ele também não vai apitar”.

A ousadia, porém, quase lhe custou caro. O técnico Zezé Moreira ficou furioso, chamando-o de “moleque irresponsável” e ameaçando não deixá-lo embarcar de volta com a delegação. Felizmente, os dirigentes e jogadores intervieram, e a raiva do “coronel” deu lugar à celebração. Curiosamente, naquele jogo histórico, por uma estratégia do técnico para confundir a marcação, Joãozinho vestiu a camisa 10, que pertencia a seu grande ídolo, Dirceu Lopes.

A Tragédia com Batata e a Força da União

A campanha da Libertadores também foi marcada por um dos momentos mais tristes da história do clube. Após uma goleada de 4 a 0 sobre o Alianza Lima, no Peru, a delegação voltou feliz para o Brasil. A alegria, no entanto, se transformou em luto. O ponta-direita Roberto Batata, um dos destaques do time, faleceu em um acidente de carro enquanto ia buscar sua família em Três Corações. “A perda dele pesou pra gente”, disse Joãozinho, emocionado.

A tragédia, contudo, uniu o grupo ainda mais. “Pensamos: ‘vamos ganhar isso para nós e para o Batata, que está lá em cima nos vendo'”, lembrou Joãozinho. A homenagem veio em campo. No jogo seguinte, uma goleada de 7 a 1 sobre o mesmo Alianza Lima, com o placar fazendo alusão à camisa 7 eternizada por Batata. A imagem do capitão Piazza reunindo o time para uma oração em homenagem ao amigo após o apito final do título é uma das mais icônicas da nossa história.

Superação e um Legado de Disciplina

A carreira do “Bailarino” também foi marcada pela superação. Em 1981, uma fratura exposta o deixou quase dois anos longe dos gramados. A lesão grave, somada a uma medicina esportiva ainda em evolução, o tirou da Copa do Mundo de 1982, para a qual era nome certo do técnico Telê Santana.

Apesar da dificuldade, Joãozinho continuou sua carreira, passando por clubes como Internacional e Palmeiras, mas seu coração sempre foi e será azul. Um exemplo de sua classe dentro e fora de campo é a marca impressionante de ter recebido apenas um cartão vermelho em 471 jogos pelo Cruzeiro.

Mensagem de Confiança para a Nação Azul

Hoje, vivendo nos Estados Unidos há quase 20 anos, Joãozinho segue acompanhando e torcendo fervorosamente pelo nosso Cruzeiro. Ele demonstrou total confiança no trabalho que vem sendo feito pela atual gestão e acredita que o clube está no caminho certo para voltar ao seu devido lugar de destaque.

Ele citou a recente partida contra o Bahia como um exemplo do espírito que quer ver. “Ali, para mim, o Cruzeiro podia até perder, porque eu estava feliz. Que jogou tão bem, tão bem, e eu estava feliz. O Cruzeiro, jogando assim, pode perder”.

Foi uma hora de conversa que passou voando, repleta de histórias que enchem de orgulho qualquer cruzeirense. Agradecemos imensamente ao nosso eterno ídolo por dividir suas memórias conosco.

E você, torcedor? Qual a sua principal lembrança do Joãozinho Bailarino? Deixe seu comentário e compartilhe essa história!

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